Audiência pública discute impacto da pandemia da Covid-19 na vida de mulheres baianas

31 de maio de 2022 - ASCOM - Olívia Santana

Um debate virtual inovador foi realizado pela Comissão dos Direitos da Mulher, na manhã desta quarta-feira (31), e marcou o encerramento do Março Mulheres na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). A atividade contou com as participações das deputadas estaduais: Olívia Santana; Fabíola Mansur; Mirela Macedo; Maria del Carmen; Neusa Cadore; Fátima Nunes e Ivana Bastos.
O encontro teve como tema “Impactos da Pandemia na Vida das Mulheres” e contou com as presenças de mulheres que estão na linha de frente no enfrentamento da pandemia na Bahia e no mundo, como a cientista, mestre em Biotecnologia e Medicina Investigativa e doutora em Patologia Humana e Experimental, Jaqueline Góes, e a diretora-geral do Instituto Couto Maia, Ceuci Nunes. A audiência contou ainda com palestras da supervisora regional do Dieese, Georgina Dias; da desembargadora do TJ-BA, Dra. Nágila Brito; e da secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia, Julieta Palmeira.
A presidenta da Comissão dos Direitos da Mulher, Olívia Santana, destacou as dificuldades impostas pela desigualdade de gênero. “A situação desigual que temos na distribuição do poder é o que mais atrasa as conquistas das mulheres. Só nós sabemos o que passamos vivendo numa sociedade tão marcada pelo preconceito, patriarcado e misoginia”, afirmou a deputada.
Já a doutora Jaqueline Góes lembrou que a invisibilidade da mulher não é diferente na ciência. “Estamos vivendo o momento mais difícil desta pandemia. As mulheres estão cansadas de tanto trabalho e ainda precisam manter a sua integridade mental e emocional. A nossa sociedade tem por padrão invisibilizar as mulheres. No contexto da ciência, isso não é diferente. As mulheres ainda são minoria nas posições de poder e, quando fazemos o recorte de raça, a diferença fica ainda muito mais acentuada”, apontou.
De acordo com a cientista, as pesquisadoras têm um papel fundamental nos diferentes estágios da Covid-19, até no desenvolvimento da vacina. “A equipe do Butantã é composta por 70% de mulheres. Será que esse percentual não traz representatividade para colocar essas mulheres em posição de destaque? Onde estão essas mulheres quando se falam das vacinas?”, questionou.
Durante a apresentação, a titular da SPM-BA ressaltou a relevância do debate e a necessidade de ampliar a presença das mulheres baianas na ciência.  “É superimportante trazermos as mulheres na ciência, chamando atenção para o que temos feito diante desta crise que vivemos. As mulheres baianas querem, sem dúvida, uma maior presença em todas as ciências e ocupar espaços de decisão!”, afirmou Julieta.
A desembargadora do TJ-BA, Dra. Nágila Brito, lembrou que embora o Brasil tenha as melhores leis de cidadania e direitos, infelizmente, é um dos piores países para as mulheres viverem. “No judiciário, nossa luta é focada para um julgamento sobre a perspectiva de gênero, orientando juízes a verificar os fatos e deixar de lado os estereótipos. O patriarcado coloca o homem superior à mulher e incentiva o domínio sobre o corpo feminino”, completou a desembargadora.
Dados alarmantes, com relação à perda de empregos e ocupações das mulheres baianas, em função da pandemia do novo coronavírus, foram apresentados pela supervisora regional do Dieese. “Quando olhamos os dados do mercado de trabalho, observamos que a pandemia acaba sendo uma grande potencializadora de todas as desigualdades que as mulheres já convivem. Estamos nas ocupações mais precárias, com jornadas intensas de trabalho e rendimentos mais baixos em relação aos homens”, disse Georgina.
A supervisora ressaltou também que setores como Turismo, Hospedagem, Alojamento, além do trabalho informal e o doméstico, foram as áreas mais afetadas pelo desemprego das mulheres baianas. “Com a pandemia, das 421 mil trabalhadoras domésticas na Bahia, até o momento, cerca de 100 mil perderam o emprego”, reforçou.
No final da audiência, as deputadas da comissão fizeram uma entrega simbólica das placas de homenagem, que serão entregues nas residências das homenageadas, para as seguintes mulheres: a presidenta da Unisol Bahia, Anne Guiomar Sena; a diretora-geral do Instituto Couto Maia, Dra. Ceuci Nunes; a ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff; a cientista, pesquisadora, mestra em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa, Dra. Jaqueline Goes; a coordenadora da Associação Papo de Mulher, Helisleide Bonfim; a delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos Brito.